Educação fora da campanha

O Povo

Matéria de Eviraldo Carvalho publicada no “Caderno Política” do jornal O Povo, Fortaleza, sábado 19 agosto de 2006.
 
 
Educação fora da campanha
 
         O historiador e professor Jaime Pinsky defendeu ontem um “choque de profissionalismo” na educação brasileira, para que o País recupere a qualidade do ensino, apontado por ele como único instrumento capaz de promover a inclusão sócio-econômica da maioria da população. “Em dois anos, daria para priorizar a formação continuada dos professores”, disse, completando que apenas bons livros são insuficientes para reverter o quadro. Segundo ele, essa preocupação não está sendo contemplada por nenhum candidato a presidente da República.
         Para Pinsky, se uma política pública, de âmbito nacional, não for implementada o quanto antes, o Brasil vai perder a “oportunidade histórica” de avançar, como já fizeram na Índia e Rússia. “A atual estrutura funciona como reprodutora das desigualdades”, ensina. Alunos que na 4ª série ainda não sabem ler e escrever, diz ele, continuarão sem competitividade diante de futuros profissionais que passaram por escolas particulares. Outro ponto a ser trabalhado, avalia, é a auto-estima dos profissionais da educação. (...)
         Apesar de otimista declarado, o professor se diz preocupado com a pouca importância que as autoridades dão à questão da educação. “O atual presidente da República nunca falou de um livro, e aparentemente nunca leu um”, critica. Para ele, a ausência de gestos como esses cria na população o sentimento de desvalorização da cultura. “Fica parecendo que ser alienado é chique”.