Jaime Pinsky, pensamento e trajetória de um sorocabano
Cruzeiro do Sul
Historiador sorocabano Jaime Pinsky lança o livro com linguagem fluente e que trata de diversos assuntos em pequenos textos produzidos ao longo de dez anos
A aprendizagem de História para melhor compreensão do mundo contemporâneo é o que propõe o recém lançado livro do professor e historiador sorocabano Jaime Pinsky, Por que gostamos de História (Editora Contexto). Ainda sem previsão de lançamento na cidade, a obra de mais de 200 páginas reforça o amor do professor pela disciplina e destaca as muitas possibilidades de assuntos abordados no estudo da História. Não por acaso que ele foi dividido em capítulos bastante amplos e atuais como: História, Cultura, Mundo, Povos e nações, Cotidiano, Educação, Brasil e Família. Entre os temas abordados, há desde a diferença entre história e notícia, até visões sobre a primavera árabe e o mensalão.
"O livro reúne pequenos textos que venho escrevendo ao longo dos últimos dez anos, mas resume toda minha formação de historiador, desde a graduação em Sorocaba e meu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), como minha experiência em palestras e cursos desenvolvidos nas principais universidades brasileiras e várias do exterior, nos EUA, México, Cuba, Porto Rico, França e Israel, entre outras", conta Pinsky, que além de professor também criou, há mais de 20 anos, a editora Contexto, especializada em Educação e Ciências Humanas, particularmente Linguística, Língua Portuguesa, História e Geografia. "Temos mais de mil autores conosco e nossos livros entram como bibliografia dos principais concursos e vestibulares realizados no país", reforça Pinsky, que tem outros livros publicados, além de artigos científicos.
Apesar da relação estreita com a escrita, ele conta que para esse livro, especialmente, tentou aproximar a linguagem de um público mais amplo, com um texto mais fluente e sem preocupação com citações e referências bibliográficas. "Para um acadêmico é muito fácil escrever difícil. Difícil é escrever fácil..." Como explica o autor, a ideia não foi escrever apenas para historiadores, ou professores e alunos de História, embora acredite que o livro possa ser útil a eles também. O que quer com a obra é dialogar com todos que gostam de História e reforça que o livro é acessível a qualquer pessoa habituada à linguagem jornalística. "A cultura histórica, a análise cuidadosa dos documentos e uma boa noção de processo histórico autorizam o profissional a lançar seu olhar em diversas direções e dar uma dimensão insuspeitada a temas e acontecimentos aparentemente corriqueiros, além de mostrar facetas não evidentes de questões de atualidade", afirma.
Pinsky defende que o conhecimento histórico é importante para elucidar facetas da modernidade e entende que professores bem preparados, bem remunerados, com boas condições de trabalho e altamente motivados são necessários para evitar que o ensino de História seja pretexto para exercícios inúteis de decoração, ou confusão entre material jornalístico e conhecimento histórico. Para ele, todos gostam de História, desde que ela seja bem ensinada, desde que o professor saiba estabelecer o vínculo entre o patrimônio cultural da humanidade e a cultura do aluno. "Somos, necessariamente, seres históricos, já que não existe História sem seres humanos socialmente organizados produzindo e reproduzindo cultura. Saber de onde viemos (no sentido amplo da palavra) ajuda-nos a nos conhecer melhor, a entender nossas práticas socioculturais, nosso universo de valores, nossas referências." E reforça: "A História, afinal de contas, não é apenas aquilo que aconteceu, mas a maneira pela qual nos apropriamos disso. Ao estudarmos o passado, emitimos uma luz formada a partir de uma ótica atual", afirma o autor.
Um sorocabano
Nascido no bairro do Além Linha, perto das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana e de algumas fábricas têxteis, como a Santo Antônio, Jaime Pinsky aprendeu a ler muito cedo, com a ajuda de sua irmã e com dona Zizi. Desde então, não parou mais de ler jornais, revistas, livros científicos e romances. "Com a leitura veio o hábito de escrever que mantenho até hoje." A relação com a cidade é de muito afeto e de boas lembranças. "Nasci e passei minha infância e adolescência em Sorocaba, para onde voltei depois (por conta de doença do meu pai) e completei minha graduação em História. Tenho, portanto, laços profundos com a cidade. Temos até um grupo de sorocabanos "no exílio" (moram em São Paulo, Brasília e Curitiba) que mantêm contato por terem feito junto o ginásio ou o colégio no "Estadão". E ainda torcemos todos pelo São Bento..."
Pinsky iniciou sua carreira acadêmica em Assis, onde a Faculdade de Filosofia (hoje da Unesp) mantinha um curso de Letras e estava montando o de História. Lecionou por lá depois de formado durante seis anos, e ainda deu aulas nos cursos de História e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde se aposentou como professor titular. Seus temas de trabalho partiram da História Judaica na Antigüidade para o nacionalismo judaico. Daí para a questão nacional em geral e desta para grupos minoritários, como os negros, de onde enveredou para o racismo e a escravidão e, posteriormente, a cidadania.
Como editor, dirigiu na adolescência o jornal União e cultura, do grêmio estudantil do colégio onde estudou. Também foi um dos fundadores das revistas Anais de História (em Assis), Debate & crítica e Contexto (com os sociólogos Florestan Fernandes e José de Souza Martins) e Religião e sociedade (com Rubens César Fernandes e Rubem Alves). Colaborou com várias editoras, ajudou a criar e dirigiu por quase cinco anos a editora da Unicamp e, em 1987 criou a editora Contexto.
Serviço
O livro Por que Gostamos de História, de Jaime Pinsky pode ser encontrado em diversas livrarias e também pelo site da editora Contexto: www.editoracontexto.com.br. O preço sugerido é de R$ 29,90.
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