Escravidão no Brasil
Referências na mídia


O livro Escravidão no Brasil (atualmente publicado pela Editora Contexto), por sua abrangência e clareza de texto e opiniões contundentes baseadas em sólida pesquisa histórica, alcançou e alcança uma grande variedade de leitores, de escolas de primeiro grau a cursos universitários, de militantes de movimentos negros a grupos de rap, tendo sido até objeto de tese acadêmica defendida na USP. Veja aqui alguns comentários que saíram na mídia a respeito dessa obra à época de seu lançamento.
 
 
Resenha publicada no jornal Folha de S. Paulo - Caderno Ilustrada em 13 de setembro de 1981.
 
 
Pinsky quer desmistificar visão oficial
 
 
         Professor de história da Unicamp, livre-docente pela USP, (...) Jaime Pinsky é um erudito e grande destruidor de mitos. Em Escravidão no Brasil, o autor pesquisa o Brasil do século 19 e, descrevendo a vida cotidiana do escravo negro, vai colocando por terra algumas mentiras que historiografia oficial nos fez engolir durante quase um século: o escravismo brando, o conformismo negro, a ausência de preconceitos etc. Após demonstrar que esse tipo de pensamento pseudopacifista é usado para justificar a repressão presente, o autor propõe transformar o conhecimento histórico em instrumento de luta.
 
 
 
Resenha escrita por Yara-Aun-Khoury publicada na Revista Projeto História (nº2) da Pontifícia da Universidade Católica de São Paulo, 1981
 
Escravidão no Brasil
 
(...) escrito em linguagem simples e clara. Um trabalho acadêmico, sem notas de rodapé (...). Apresenta, no entanto, para um público menos especializado, questões básicas relativas à problemática da escravidão no Brasil.
         Segundo o autor, esta obra é fruto de sua postura diante da História; aquela “de pesquisar com seriedade para que o processo histórico possa ser realmente revelado e não falsamente intuito”.
         Pinsky enfatiza dois aspectos: o caráter brutal da escravidão e o inconformismo do negro com sua situação de escravo.
         Crítica a historiografia que transmitiu a imagem do escravismo brando, dizendo que “a idealização pacifista do passado procura justificar a repressão a movimentos populares no presente”.
         Aponta o interesse português no negro não só como força de trabalho, mas também como mercadoria. A escravidão colonial brasileira, segundo ele, está vinculada à forma de organização da produção na grande lavoura de exportação e ao interesse de traficantes.
         Se, por um lado, há uma preocupação dentro do sistema com as condições do tráfico para garantir a sobrevivência da “mercadoria” ou da força de trabalho, por outro lado, as viagens são brutais e inúmeras as mortes. (...)
         O autor assinala um choque de concepções na estrutura escravista: de um lado o interesse do sistema em estabelecer regras para a relação senhor-escravo; de outro o senhor que não admite limitações ao seu direito de proprietário. A própria legislação se identifica com a repressão. Neste sentido também, a religião católica é considerada por Pinsky como uma forma de controle social do escravo, pregando a resignação e a salvação eterna.
         Discorre sobre a vida cotidiana do negro, que varia de acordo com o local de trabalho; sobre o lazer e o trabalho extra, sobre o sexo, a família e a religião.
         Refutando a historiografia que apresenta a idéia de uma sociedade pacifista e de um negro submisso, Pinsky mostra como os escravos reagem aos maus tratos e à falta absoluta de liberdade. Organizam fugas, solitárias ou em bandos; refugiam-se em quilombos, contra os quais são preparadas investidas agressivas. Os escravos chegam, às vezes, a preparar levantes, como “Balaiada” (...) e até mesmo assassinatos como vingança contra os senhores, feitores e administradores. (...) o autor chama a atenção para uma questão que não pode ser desprezada: a de que a Abolição não pode ser reduzida a um ato dos brancos; representa igualmente o fruto de uma luta dos negros por ela.