Os Judeus no Egito Helenístico – Referências na mídia



Fruto da tese de doutorado defendida na USP, neste livro Jaime Pinsky aliou vasta e sistemática pesquisa documental e bibliográfica a uma visão crítica e compromissada da História. O resultado foi um livro de História Antiga que ilumina questões do presente e vai muito além de seu tema.
 
 
 
Resenha publicada na Revista Shalom, abril de 1971.
 
 
Nova Visão do Egito
 
Ciro não foi um protetor desinteressado dos judeus e sim um hábil administrador persa que utilizou o grupo sacerdotal hebraico para anular o nacionalismo judaico. Alexandre, o Grande, nunca esteve em Jerusalém e muitos judeus foram para Alexandria como escravos. Não se pode falar da comunidade judaica, no Egito, em termos globais; já naquela época havia confrontos não de ordem etnocêntrica, mas sim dialética, opondo judeus a judeus e egípcios e unindo judeus a greco-macedônios ou egípcios.
Os Judeus no Egito Helenístico não é um livro morno e bem comportado, mas uma obra polêmica e honesta, destinada a provocar um reexame na historiografia helenística e judaica do período. Não teme o autor encarar a História sem preconceitos e sem falso didatismo, negando-se a abastardá-la, como muitas vezes é feito ao se tornar a História como oráculo das “verdades” que se quer ouvir ou das “lições” que se quer aprender.
Jaime Pinsky estrutura seu trabalho em documentos, rica bibliografia – aliás muito útil e aposta no volume – e método analítico definido e claro. Os Judeus no Egito Helenístico é fundamental para qualquer estudioso do tema ou da época. (...)
 
 
 
Resenha escrita por Paulo Salgado publicada na Revista Comentário (nº 47 - Ano XII) em 1971.
 
 
Os judeus em Alexandria
 
 
         Tese de doutoramento defendida na Universidade de São Paulo em 1968, este trabalho do Dr. Jaime Pinsky, professor de História Antiga na Faculdade de Assis, pretende analisar o comportamento dos judeus alexandrinos em seu duplo aspecto: o etnocêntrico e – diríamos – o pragmático. Enquanto o primeiro constitui uma das características da sobrevivência das comunidades judaicas na Diáspora, esta última característica varia “de acordo com os interesses sociais” dos judeus e, no caso do ensaio de J.P., das “suas ligações com os gregos ou egípcios”.
         Embora escrito por um acadêmico, o livro é exposto com extraordinária clareza, que permite seguir o desenvolvimento do pensamento do autor mesmo por um leigo na matéria. Permitimo-nos, contudo, lembrar que, embora aparentemente o livro trate de um assunto perdido na História longínqua, é deste contato dos judeus com a Alexandria helenizada nas costas do Egito que nasceu no cristianismo em sua forma pós-judaica, ou seja, baseada em judaísmo de Filão, liberto de nacionalismo hierosolimita, e em aculturação helenística da qual a tradição dos Setenta constituiu o ponto mais alto.
         Situando os judeus sob o domínio dos Ptlomeus, o autor ocupa-se prolongadamente do relacionamento entre judeus e egípcios (ainda pré-muçulmanos), entre os judeus e os gregos (ainda pré-cristãos) e – last but not least – entre os judeus e o romanos, tão prenhes para a evolução de toda a história humana.
         Mas não se trata de judeus como um grupo homogêneo e uno, aliás inexistente na História. O termo “judeus” encerra todas as variedades e toda a diversificação existentes entre os judeus, o que desmistifica tanto o estereótipo cultivado pelos anti-semitas, quanto a imagem que os próprios judeus gostariam – embora com outros fins – de perpetuar a respeito da sua própria existência.
         Uma análise arguta, concisa, da mais alta importância para os historiadores do judaísmo no Brasil e alhures.
 
 
 
Resenha publicada no jornal O Estado de São Paulo - Caderno Suplemento Literário, em 28 de março de 1971.
 
 
O autor propõe neste livro, que foi em sua forma original apresentado como tese de doutoramento, reestudar em suas origens a diáspora judaica e as condições de vida do povo judeu entre os povos da Antigüidade submetidos à civilização helenística, “partindo de uma análise arraigada no presente”, que não desconhece a perspectiva etnocêntrica, mas também leva em conta as implicações sociais. As posições do autor questionam velhos modos de encarar a situação das colônias hebraicas nos primeiros séculos da diáspora e estariam fadadas a suscitar vivas polêmicas entre os especialistas se entre nós houvesse realmente especialistas na história do judaísmo antigo.