O Modo de Produção Feudal – Referências na mídia



Indo muito além de seus objetivos iniciais de servir como material didático para cursos de Medieval em faculdades de História, O Modo de Produção Feudal alcançou leitores das áreas de Economia e Direito além de grupos políticos interessados em compreender a questão da propriedade da terra, as origens do capitalismo ou o papel social da Igreja. Veja abaixo algumas resenhas sobre o livro publicadas na imprensa.
 
 
 
Resenha escrita por Francisco Iglesias publicada no jornal Leia Livros em outubro de 1981.
 
 
(...) Com objetivos essencialmente didáticos, o livro é guia excelente para o aluno para o professor (...).
         Jaime Pinsky faz uma antologia de textos históricos: apresenta 58, divididos criteriosamente em 5 partes – transição do escravismo para o feudalismo (5 texto), o modo de produção feudal (14), a Igreja (23), Instituições políticas (5), Comércio medieval (11). Eles podem servir de base a um bom curso de História da Idade Média, disciplina que tem pouco material para estudo entre nós, por motivos óbvios. Além dos textos – fontes primárias -, apresenta ainda oito leituras, com reflexões sobre o assunto por parte de historiadores que se dedicaram ao tema: três são de autores russos (Kovaliov, Udaltzoa e Gutnova, Biriukovitch e Levitski), duas de franceses (Charles Parain e Claude Cohen), uma de brasileiro (o próprio Jaime Pinsky, em resumo de capítulo de sua obra Origens do Nacionalismo Judaico), mais duas em um apêndice, com a discussão de ter havido capitalismo ou feudalismo na América Latina (Luis Vitale) e no Brasil (Ciro Flamarion Cardoso). (...)
         Um curso com base nos textos coletados por Jaime Pinsky pode ter muita eficácia, pois o autor escolheu os aspectos fundamentais, ilustrando-os devidamente com algum escrito da Idade Média, completando a orientação do professor ou do aluno com os oito estudos constantes do livro, já referidos. A tradução é boa, em linhas gerais. E note-se que não é muito fácil, pois o período apresenta realidades peculiares, com seu vocabulário, às vezes de difícil transposição em português.
         Quando se fala tanto em modo de produção nos estudos de História é bom que se torne accessível ao leitor uma coletânea como esta. Ela presta enorme serviço, pois as referências ao regime feudal são agora muito comuns. (...) Assunto complexo, muitas vezes é dado ao aluno de nível de segundo grau já no começo do curso, sem qualquer resultado além da repetição do rótulo, pois, como é obvio, o tema supõe intimidade com os conceitos de feudalismo e capitalismo, o que evidentemente não acontece. A ligeireza do professor de tal programa faz supor, com fundadas razões, que ele mesmo não sabe do que se trata. Segue apenas um modismo. Quem estudou com rigor a História geral sabe que o feudalismo é uma das fases mais ricas e sutis, apresentando então dificuldades que só trabalho mais longo e profundo consegue enfrentar. (...)
 
 
 
Resenha escrita por Marco Antônio Albuquerque, publicada no Jornal Movimento, 17 a 23 de março de 1980.
 
 
Os feudos acabaram?
Estes textos mostram bem a natureza do regime feudal
 
 
         Partindo da desagregação do mundo escravista, o livro O Modo de Produção Feudal, organizado e dirigido pelo professor Jaime Pinsky (...) apresenta uma série de cinqüenta e oito documentos do período medieval, permeados por seis textos de reflexão teórica de autores modernos, divididos em cinco unidades: a transição do escravismo para o feudalismo, o modo de produção feudal, a Igreja, instituições políticas e comércio medieval. No final traz um pequeno apêndice contendo dois textos que discutem o caráter das relações de produção na América Latina.
         (...) o que de importante existe é o fato de o livro colocar à nossa disposição toda uma sucessão de fontes históricas que abordam as principais características do feudalismo europeu e de onde podem ser delineadas, através de documentos, as formas de vínculos de dependência fundamentais existentes na sociedade feudal: as relações entre os senhores e os servos no processo de produção além das relações dos senhores entre si e no processo de apropriação da terra.
         Permite que vislumbremos o caráter da divisão da sociedade feudal em três grandes ordens sociais (que ao cabo podem ser resumidas em apenas duas): a ordem dos eclesiásticos, a quem cabia da manutenção das coisas do espírito; a dos nobres que são “os guerreiros, os protetores da Igreja e os que defendem o povo”; e finalmente, a dos servos, “esta raça de desgraçados que não possuem nada sem sofrimento e que fornecem provisões e roupas a todos, pois os homens livres não podem valer-se sem eles”.
         Observa-se aí também, o papel da Igreja, a um só tempo o suporte ideológico do sistema social vigente e a grande proprietária de terras, sujeitando os trabalhadores que dela dependiam às mesmas iniqüidades que sofriam por parte da grande nobreza leiga. Em suma, o livro traz o rico material que, juntamente com seus textos interpretativos, levam a uma compreensão um pouco mais clara do que é o feudalismo a partir da ótica conceitual marxista. (...)